Efeito da cetamina na fauna edáfica: ensaios de fuga e reprodução com Eisenia fetida

A utilização crescente de cetamina para fins terapêuticos e recreativos tem motivado preocupações ao nível ambiental. Esta substância tem sido detetada em efluentes, devido à ineficiência das técnicas aplicadas nas estações de tratamento de águas residuais. Sendo que parte destes efluentes podem ser usados como águas para reutilização em práticas agrícolas, importa perceber os efeitos que a cetamina apresenta em organismos edáficos como as minhocas, facto que constitui o objetivo deste trabalho. Várias concentrações de cetamina (0, 25, 250 e 2500 µg/kg) foram testadas e avaliados os efeitos, através de testes de fuga e reprodução, usando como modelo biológico as minhocas Eisenia fetida, tendo como endpoints o comportamento de fuga e a reprodução, de acordo com as normas da ISO e OECD. Os resultados indicaram ausência de diferenças significativas (p>0,05) entre as concentrações estudadas. Em média, a cetamina promoveu a fuga e a diminuição do número de juvenis na ordem dos 11% e 26%, respetivamente, comparativamente ao tratamento controlo. Estes resultados parecem indicar que as concentrações estudadas não promovem efeitos negativos quer no comportamento como na reprodução, pelo que importa ponderar a realização de mais estudos, nos quais sejam consideradas concentrações superiores às aplicadas no presente trabalho, de modo a definir níveis de risco em ambiente edáfico. The increasing use of ketamine for therapeutic and recreational purposes has increased the environmental concerns. This substance has been detected in treated effluents, due to the inefficiency of treatments applied in wastewater treatment plants. Since part of these effluents can be used as water for reuse in agricultural practices, it is important to understand the effects of ketamine on edaphic organisms such as earthworms, which is the objective of the present work. Various concentrations of ketamine (0, 25, 250 and 2500 µg/kg) were tested and the effects evaluate by avoidance and reproduction tests, using Eisenia fetida as a biological model, considered the avoidance behaviour and reproduction as endpoints, according to ISO and OECD guidelines. The results indicated no significant differences (p>0.05) between the concentrations studied. On average, ketamine promoted an escape and a decrease in the number of juveniles in the order of 11% and 26%, respectively, compared to the control treatment. These results seem to indicate no negative effects of the studied concentrations on behaviour