DA PALAVRA PLURAL À VERDADE NÓMADA: ALGUMAS NOTAS EM TORNO DO AFORISMO EM CASIMIRO DE BRITO

O presente artigo visa empreender uma análise preliminar da produçào aforística do escritor portugués Casimiro de Brito (1938-) como um exemplo emblemático de urna capacidade de escrita em multiplicar pontos de vista e em forjar consideraçôes intempestivas sobre o Eu e o mundo. Convocando diálogo, sempře que pertinente, com uma diversidade de pensadores que se debruçaram sobre a problemática do inacabamento da escrita (F. Nietzsche, J. Derrida, M. Kundera, E. Canetti), privilegiar-se-á o seguinte coi pus de análise: Arte da Respiraçao (de 1988), Da Frágil Sabedoria (de 2001) e Apoteose das Pequeñas Coisas (de 2016) - que apelidamos de tríptico da incompletade, pois cada um destes volumes se revela um vibrante testemunho de urna abertura ao porvir, deixando entrever um pensamento da intermitencia. O artigo pretende, com efeito, preencher urna lacuna nos estados sobre a obra de Casimiro de Brito, lançando alguma luz sobre a sua produçào aforística, até aquí algo negligenciada pela crítica.