HIPOTAXE ADVERBIAL TEMPORAL NA LIBRAS

Este artigo tem como objetivo descrever os recursos linguísticos utilizados na articulação da hipotaxe adverbial temporal na Libras, em particular as marcações não-manuais que evidenciam as sentenças hipotáticas temporais. Trata-se de uma pesquisa com abordagem funcionalista sobre hipotaxe temporal, com base em autores como Lehmann (1988), Halliday (2001), Lima (2002), Tang e Lang (2012), Cecchetto et al. (2017), Crescêncio Neto (2019) e Quadros et al. (2021). A pesquisa adota a metodologia de coleta e transcrição dos dados dos Surdos de Referência, que faz parte do Inventário Nacional de Libras. Foram criadas trilhas específicas no Elan (Eudico Linguistic Annotator), um Software multimodal utilizado para descrição de línguas orais e de sinais. As trilhas foram criadas especificamente para parataxe, hipotaxe e encaixamento, bem como para as marcações não-manuais. Analisou-se quatro entrevistas de informantes Surdos, sendo duas informantes mulheres Surdas e dois homens Surdos. Os resultados revelam que a hipotaxe adverbial temporal é articulada por meio de recursos linguísticos específicos, principalmente as marcações não-manuais piscar de olhos, direção do olhar, sobrancelhas elevadas, olhos semicerrados e articulações-boca, sendo que todas integram a articulação da hipotaxe temporal na Libras. Além disso, percebe-se o uso da boia regular como uma estratégia para marcar sentenças temporais, principalmente as orações simultâneas. No tocante às marcações manuais, destacam-se o uso de alguns sinais que funcionam como conectivos ou como advérbios de tempo.