AS SIGNIFICAÇÕES DE TRABALHO DE FORMADORES DE PROFESSORES

Muitos discursos incidem no trabalho do professor e contribuem para configurar a situação desse trabalho, pois criam as significações de trabalho docente. Assim, analisar essa rede discursiva pode nos levar a uma compreensão maior das relações linguagem/trabalho (BRONCKART; MACHADO, 2004). Este estudo, o qual faz parte de uma pesquisa de mestrado, tem como principal objetivo analisar as significações (BRONCKART, 2007; BRONCKART, 2015) relacionadas ao trabalho de professores formadores do curso de Letras. Como referencial teórico-metodológico, adotam-se as bases do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2006a), cuja centralidade da linguagem no desenvolvimento humano trata-se de um preceito fundamental, em que o papel da linguagem nas orientações explicitamente dadas para esse desenvolvimento pelas mediações educativas e/ou formativas ganha destaque (BRONCKART, 2006a; BRONCKART, 2008). No artigo, há também reflexões sobre a profissionalização da formação docente (NÓVOA, 2017; GATTI, 2013; TARDIF, 2014), sobre o conceito de trabalho (MARX 2004; FRIGOTTO 2008) e de trabalho docente (MACHADO, 2007; MACHADO, 2009), em defesa da significação de trabalho docente como verdadeiro trabalho. Os dados foram gerados por entrevistas semiestruturadas (MOREIRA; CALEFFE, 2008) com professores formadores do curso de Letras e a análise foi realizada por segmentos de orientação temática (SOT) e segmentos de tratamento temático (STT) (BRONCKART, 2008; BULEA, 2010), os quais permitem uma categorização e hierarquização dos dados. Foram identificados três grupos de significação do trabalho do professor universitário – o de professor, de pesquisador e o de atuação social – e dois grupos de significação do trabalho do egresso – o de atividade profissional diversificada e o de atividade docente.