A pragmaticalização de capaz em português brasileiro e a codificação da atitude do falante

O objetivo deste trabalho é examinar as propriedades das construções do português brasileiro com a expressão capaz, como Capaz que a Maria viajou. Essas construções podem ter significados diferentes, dependendo do padrão de entoação a elas associado. Com uma entoação plana, capaz é interpretado como...

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Veröffentlicht in:Revista de estudos da linguagem 2019-01, Vol.27 (2), p.549
Hauptverfasser: Rodrigues, Patrícia, Lunguinho, Marcus Vinicius
Format: Artikel
Sprache:por
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Online-Zugang:Volltext
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Beschreibung
Zusammenfassung:O objetivo deste trabalho é examinar as propriedades das construções do português brasileiro com a expressão capaz, como Capaz que a Maria viajou. Essas construções podem ter significados diferentes, dependendo do padrão de entoação a elas associado. Com uma entoação plana, capaz é interpretado como um modal epistêmico, enquanto com a acentuação em capaz, tal como falado na região sul do Brasil, essa expressão passa a ser interpretada como um marcador pragmático, expressando surpresa ou o ponto de vista contrário do falante. A hipótese defendida no trabalho é a de que essas leituras estão associadas a duas estruturas sintáticas distintas: as sentenças com capaz epistêmico são bioracionais, ao passo que as sentenças em que capaz funciona como marcador pragmático são mono-oracionais. Com base nas propostas de Speas e Tenny (2003) e de Hill (2007, 2014) acerca da existência de uma projeção associada ao ato de fala (denominada Speech Act Phrase – SAP) e visível para a computação sintática, propomos que capaz como um marcador pragmático é uma expressão que sofreu um processo de mudança linguística denominado pragmaticalização (DOSTIE, 2004) e, em consequência dessa mudança, é inserido diretamente no núcleo de SAP, projeção que faz a interface da sintaxe com a pragmática conversacional.
ISSN:0104-0588
2237-2083
DOI:10.17851/2237-2083.27.2.549-574