Feministas na América Latina: de Bogotá a San Bernardo

Na última década, as estudiosas feministas norte-americanas e euro-ocidentais têm tomado cada vez mais consciência das mulheres latino-americanas e seu ativismo político. Contudo, essa consciência de modo algum dissipou a idéia antes predominante nos Estados Unidos de que as latino-americanas não se consideram feministas, idéia recentemente reforçada por textos que se encaixam mais no domínio da literatura "de testemunho" e da pesquisa centrada na participação de mulheres em movimentos rurais e lutas de libertação nacional e não no feminismo. Além disso, ouve-se muitas vezes as feministas norte-americanas comentarem que "o feminismo não serve à América Latina", comentário que em nossa opinião reflete o desconhecimento da realidade contemporânea das mulheres latino-americanas. Como revelou pesquisa recente, e como vamos mostrar neste artigo, o feminismo não só serve à América Latina, mas também está aqui o tipo de movimento social florescente, de ampla base, como outros movimentos feministas aspiram vir a ser.