LINHA DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR DO PROJETO DE ORTO-HEMOFILIA NO ESTADO DE SANTA CATARINA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Objetivos: Descrever a Linha de Atendimento Multidisciplinar em Orto-Hemofilia em Santa Catarina. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo descritivo em formato de relato de experiência da equipe multidisciplinar no atendimento às pessoas com hemofilia (PcH) submetidas a artroplastias em Santa Catarina (SC). O projeto foi realizado no período de 2019 a 2023, seguindo as etapas: realizado diagnóstico situacional, por meio da identificação dos indivíduos com necessidade de artroplastia seguindo critérios clínicos e radiográficos, escala de dor e limitação de movimento; elaboração do escopo do projeto para captação de recursos; aquisição das próteses mediante a aprovação do projeto e fomento por meio do Ministério Público do Trabalho (MPT/SC); capacitação inloco das equipes envolvidas; realização das cirurgias e acompanhamento pós-operatório hospitalar no Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON) e ambulatorial no Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (HEMOSC), instituições geridas pela FAHECE; hospedagem, alimentação e transporte nos períodos pré e pós-operatórios (por no mínimo 30 dias) foram viabilizados pela Associação dos Hemofílicos do estado de SC (AHESC). Resultados: O projeto envolveu toda equipe multidisciplinar do HEMOSC e CEPON, composta por anestesiologistas, assistentes sociais, enfermeiros, farmacêuticos e bioquímicos, fisioterapeutas, hematologistas, cirurgião dentista, ortopedistas, técnicos de enfermagem e radiologista. Foram realizadas 18 artroplastias de joelho, sendo 17 próteses primárias e uma prótese de revisão e quatro artroplastias de quadril. As cirurgias foram em 12 PcH provenientes dos municípios de Blumenau (25,0%), Florianópolis (16,9%), Lages (8,3%), Concórdia (8,3%), Criciúma (8,3%), Garopaba (8,3%), Itapema (8,3%), Peritiba (8,3%), Itapiranga (8,3%). Quanto ao tipo de hemofilia, uma (8,3%) PcH é portadora de hemofilia B e 11 (91,7%) são portadores de hemofilia A, sendo que uma (8,3%) PcH apresentava inibidor de baixo título, com resposta parcial à imunotolerância. Discussão: O sucesso do projeto foi caracterizado pela ausência de intercorrências hemorrágicas e infecciosas, gestão adequada do estoque de fator de coagulação, redução da dor e aumento da amplitude de movimento, o que pode ser atribuído à atuação da equipe multidisciplinar desde as avaliações pré-operatórias, reabilitação e retorno social das PcH. Conclusão: A interrupção temporária das cirurgias em decorrência da pandemia SARS-CoV-2 foi considerado