Centenário Paulo Freire: Contribuições do Ideário Freireano para a Educação em Ciência

A concepção educacional de Paulo Freire emerge nos anos 1960 quando, desafiado pelo problema do alto índice de analfabetismo brasileiro, inicia uma práxis cuja primeira síntese é apresentada no seu livro Educação como prática de liberdade. Perseguido e detido em prisão por cerca de dois meses pela ditadura militar implantada no Brasil em 1964, Freire se exilou no Chile, onde permaneceu até 1969. Durante o período em que viveu no Chile se engajou em uma equipe de especialistas de várias áreas do conhecimento, na qual destacavam-se os agrônomos. Esta equipe tinha como foco a reforma agrária que estava sendo iniciada pelo governo eleito em 1964. Dentre outros problemas oriundos dessa iniciativa, a educação dos agricultores para a implementação da pretendida reforma, possibilitou que Freire, junto a tal equipe, realizasse uma nova síntese de suas concepções educacionais, fomentada pelo trabalho realizado, a qual foi publicada nos livros Pedagogia do Oprimido e Extensão ou Comunicação? Nos livros há um olhar crítico para as práxis educativas que se originaram no processo que estava sendo estabelecido. Assim, Freire amplia suas reflexões gnosiológicas e educacionais para além de uma educação destinada a analfabetos, ainda que tenha mantido como foco prioritário a educação não escolar. Ele considera que, além da leitura, o processo educativo em construção, deveria propiciar o estabelecimento de práticas agrícolas inéditas para os camponeses, que já eram estabelecidas e implementadas em outros espaços. Assim, o autor aprofunda tanto a sua compreensão gnosiológica como a educacional.