O lugar das ideias na construção da identidade na América Latina e o perigo de uma história única

O debate sobre as ideias presentes na história da América Latina é de especial relevância na construção identitária de sua memória. Mas questionar se elas estão ou não fora do lugar, torna este debate mais intrigante, ao mesmo tempo em que demonstra a importância que a história intelectual adquiriu no contexto latino-americano, de modo especial no Brasil, que teve sua história marca por milhares de acontecimentos políticos e econômicos, transformações, construção de identidades, lutas e indefinições. A formação de nossa identidade como povo é perpassada por diversas ideias que tiveram origem na Europa e aqui estruturaram discursos, práticas e representações diversas que estão nas trajetórias individuais e de coletivos inteiros. Daí a importância do debate das ideias neste processo. O objetivo deste texto, de caráter bibliográfico, é discutir o tema proposto, procurando ajustar o foco entre o lugar e não lugar das ideias na história da América Latina e destacar a importância de pensar a história de forma plural, procurando evitar o risco do perigo de uma história única e totalizante, que muitas vezes prevaleceu na história das ideias no continente americano, na medida em que o “eurocentrismo” se afirmou com suas ideias hegemônicas provocando a negação das ideias locais, ao mesmo tempo que provocou um “epistemicídio” em nossa história, à medida que negava ou menosprezava o conhecimento de povos originários e africanos que tiveram suas ideias silenciadas na formação de nosso povo, sempre como algo estranho, menor e sem valor.