REPRESENTAÇÕES DA VIOLÊNCIA/ABUSO SEXUAL CONTRA MENINOS EM OBRAS DE LITERATURA: ENTRE A DENÚNCIA E A RESISTÊNCIA

Neste artigo analisamos dois livros de literatura brasileira contemporânea que narram memórias de homens que foram abusados sexualmente na infância, investigando como os protagonistas vivenciaram tal experiência e como esta os afetou e afeta na vida adulta. Partindo da perspectiva pós-estruturalista e dos Estudos de Gênero e dos Estudos Culturais, exploramos os elementos e as estruturas das narrativas das obras “O primeiro estupro: a morte de minha alma” (SILVA, 2020) e “Três Porcos” (LABES, 2020), em especial as ocorrências de violência/abuso sexual em articulação com estatísticas e produções científicas sobre o tema. Observamos que os protagonistas revivem as lembranças de terem sido vítimas de abusadores com diversos fatores associados, como dificuldades nos relacionamentos e problemas com sua sexualidade. Consideramos que esses romances rompem com o silenciamento da temática e se apresentam como formas de denúncia e resistência, debatendo estigmas da infância de homens invisibilizados e tomados por sentimentos de culpa, insegurança, medo, tristeza e vergonha.