A escrita do pensamento de Michel Butor: entre os repertórios e o móbile

O processo criativo da escrita experimental de Michel Butor pode ser considerado tanto em sua dimensão conceitual, por meio da confluência passível de ser estabelecida entre seus ensaios e sua criação literária, quanto em sua dimensão discursiva, derivada de seu desejo de “faire parler les autres”. O objetivo deste artigo é de melhor compreender a relação que se pode estabelecer entre o ensaio “Le livre comme objet” de Michel Butor, publicado em Répertoire, e a escrita experimental de Mobile. Étude pour une représentation des États-Unis (1962), todos presentes nas Œuvres Complètes do escritor. Sob a direção de Mireille Calle-Gruber, cada volume de suas obras completas é acompanhado de documentos preparatórios da criação literária e ensaística do escritor. Para este presente trabalho, parte-se da análise de um datiloscrito de Mobile, relacionando-o com a última versão impressa da obra, e a de ambos com as produções ensaísticas de Butor, que, aqui, serão também consideradas como preparatórias para a gênese do conceito que o escritor explorou ao longo de sua criação, em sua busca por relacionar constantemente a literatura com a música e com a pintura. Espera-se evidenciar a importância da edição das obras completas de Butor para a compreensão da escrita de seu pensamento.