Vozes dissonantes na processualidade da reinvenção do eu em quarto de despejo
O presente artigo procura demonstrar o modo como a escritora Carolina Maria de Jesus mobilizou uma série de recursos literários na construção de sua poética de resíduos, agenciadora de uma reciclagem de linguagens e de si mesma. Desse modo, tem como temática a multiplicidade de vozes que pulsam no d...
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Veröffentlicht in: | Revista ratio Juris 2010 (11), p.187-207 |
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Format: | Artikel |
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Zusammenfassung: | O presente artigo procura demonstrar o modo como a escritora
Carolina Maria de Jesus mobilizou uma série de recursos literários na construção
de sua poética de resíduos, agenciadora de uma reciclagem de linguagens
e de si mesma. Desse modo, tem como temática a multiplicidade
de vozes que pulsam no discurso produzido pela catadora de lixo Carolina
Maria de Jesus em seu best seller intitulado Quarto de despejo (1960).
Por se tratar de um “diário”, a escrita do texto na primeira pessoa do singular
presentifica, na capa, o nome que pode assumir posições múltiplas e
simultâneas. Desse modo, as três instâncias narrativas confundem o receptor
ingênuo que acaba por não questionar o processo de ficcionalização da
narrativa, pois o Eu da vida extratextual garante a “verdade” do discurso.
No entanto, observa-se nessa narrativa a ocorrência de fraturas na processualidade
do Eu, que invoca a persona, isto é, as máscaras de revelação e
ocultação da autora, na qual uma personagem foi criada de acordo com os
padrões de “boa conduta” dos idos de 1950. Esse fluxo de rupturas pode
ser notado, inclusive, na co-autoria do editor e jornalista Audálio Dantas,
marcados pelos recortes efetuados nos bastidores da representação da escritora
da favela. Porém, não podemos perder de vista a desconstrução que a
própria construção da subjetividade impõe, revelando assim uma outra face. Aliado a isso, autora e narradora se desdobram não apenas em personagem,
mas também na reprodução de discursos que perpassam seu palmilhar cotidiano,
ampliando o entendimento da dinâmica cultural de sua coletividade.
Nesse sentido, fica explicita a existência pontos de vista distintos e coexistentes
na confluência de suas inspirações subjetivas.
Este artículo muestra cómo la escritora Carolina Maria de Jesus movilizó
una serie de recursos literarios en su poesía de residuos, agenciando el reciclaje
de la lengua y del suyo propio. De esta manera, tiene como tema la
multiplicidad de voces que impulsan el discurso producido por la “carroñera”
Carolina Maria de Jesus en su best-seller titulado Quarto de despejo
(1960). Debido a que es un diario, escribir el texto en primera persona del
singular hace presente, en la tapa, el nombre que puede tomar múltiples
posiciones simultáneas. Así, las tres instancias narrativas que confunden al
receptor ingenuo que termina por no preguntar del proceso de ficcionalización
de la narración, porque la vida que garantiza extratextuales la “verdad”
del discurso. Sin embargo, obs |
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ISSN: | 1794-6638 |