Cultura como trabalho: reflexões sobre trabalho e vida de artistas ao longo da pandemia de Covid-19 em São Luís

Debatemos a temática da cultura e da arte como exercício da profissão e do artista enquanto trabalhador. O objetivo do artigo é evidenciar experiências de artistas no período do novo coronavírus na cidade de São Luís e suas interações sociais em torno de instituições culturais, evidenciando uma série de estratégias individuais e coletivas em busca de reconhecimento profissional. Metodologicamente, realizamos entrevistas com cinco artistas e usamos dados de institutos públicos de pesquisa, isto é, fizemos uso de dados de natureza primária e secundária, explorando aspectos micro e macrossociológicos. A análise dos dados é amparada por autores das Sociologias da Cultura e do Trabalho, fluentes nas dinâmicas atuais da economia criativa. O cotejo das informações analisadas releva, preliminarmente, os seguintes resultados de pesquisa: alta informalidade e intermitência da força de trabalho artístico, a incredulidade dos artistas na gestão cultural pública, necessidade de efetivação de políticas públicas de arte e cultura que supere gestões ocasionais e a importância da coletividade para os enfrentamentos de crises no mundo do trabalho. Conclui-se que análise da produção artístico-cultural é fundamental para entender a insularidade de recursos materiais e simbólicos entre determinados agentes do campo artístico, significando, de um lado, a riqueza propagandeada por políticos, gestores e empresários contrastada com o empobrecimento e adversidades vivenciadas pelos trabalhadores da cultura e das artes ao longo de suas carreiras, do outro.