A INFÂNCIA NO CONTEXTO DA OBRA DA USINA HIDRELÉTRICA – UHE DE BELO MONTE

Este artigo tem como objetivo analisar as infâncias no contexto da obra da Usina Hidrelétrica-UHE de Belo Monte, com vista a compreender de que forma as crianças vivenciam seu cotidiano sociocultural a partir das mudanças sofridas em seus modos de ser e estar em diferentes lugares, em função do reordenamento urbano, que está acontecendo no município de Altamira1 no estado do Pará. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, apoiada em narrativas infantis. As técnicas observação e atividades lúdicas como brincadeiras e desenhos, foram utilizadas a fim de compreender os modos de ressignificar a vida das crianças no acesso a diferentes pessoas e espaços de vivências convencionadas pelas condicionantes da UHE de Belo Monte, especialmente nos bairros que surgem para os chamados “remanejados” de UHE Belo Monte. Neste interim, nos interessou saber como as crianças “remanejadas” vivenciam a plasticidade, criatividade, convivência e experiência de infância no ambiente (social e institucional) pensado/planejado nos bairros de reassentamentos construídos pela UHE de Belo Monte? Os resultados alcançados nos indicaram que: 1)as crianças remanejadas vivem um cotidiano sociocultural emaranhado por costumes e valores regionais que misturam vida real com vida imaginária; 2) que no reassentamento urbano – RUC Jatobá suas vivências infantis foram modificadas negativamente em função dos novos arranjos espaciais e da mudança de seu grupo social e familiar, e; 3) que suas experiências, criatividade e plasticidade de infância altamirense foram alteradas e demudadas o que impactou sobremaneira nas produções culturais.