Biofortificação agronômica com zinco: respostas biométricas e fitoquímicas de microverdes de beterraba, repolho roxo e manjericão

A deficiência nutricional de zinco (Zn) afeta a população em geral, causando prejuízos nas funções bioquímicas e fisiológicas, principalmente às relacionadas a imunidade. A biofortificação agronômica tem o objetivo de aumentar o acúmulo de nutrientes nos vegetais, sendo realizada com aplicações de fertilizantes. Neste sentido, os microverdes constituem uma categoria de alimentos muito promissores, pois o emprego de sistemas de cultivo sem solo associados ao uso de uma solução nutritiva, com concentrações conhecidas de elementos minerais, pode facilitar o protocolo e garantir o controle da qualidade das plantas, que são obtidas em um curto período. Porém, considerando que o limite entre a deficiência e a toxidez de Zn para os vegetais é bastante estreito, é fundamental definir a dose adequada a ser fornecida, sem causar efeitos negativos sobre o crescimento, a produção e a concentração de compostos fitoquímicos importantes para a dieta e/ou que contribuem para uma elevada absorção de Zn pelo organismo humano. Através do emprego de um sistema de cultivo sem solo muito simples, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o efeito da elevação da concentração de Zn na solução nutritiva de Hoagland a 50% sobre o crescimento, o rendimento e a qualidade nutricional, no que se refere ao conteúdo de Zn e de compostos fitoquímicos, de microverdes de beterraba, repolho roxo e manjericão. Cinco concentrações de zinco foram estudadas: 0, 5,10, 20 e 30 mg L-1. Foram avaliados: massa seca (MS), massa fresca (MF), teor de zinco no tecido vegetal, altura, ácido L-ascórbico, carotenoides totais e compostos fenólicos totais. Os resultados obtidos permitem concluir que a suplementação da solução nutritiva com 5 ou 10 mg L-1 de Zn possibilita o aumento no conteúdo de Zn nos tecidos de microverdes de beterraba, repolho roxo e manjericão desde o mínimo de 115% até o máximo de 586%, em relação ao conteúdo presente em microverdes produzidos com a mesma solução padrão com dose zero de Zn, sem haver redução do crescimento, produção e conteúdo de compostos fitoquímicos das plantas. A suplementação com doses de 20 e 30 mg L-1 deve ser desconsiderada, pois, mesmo não havendo prejuízos aos parâmetros avaliados, os níveis de Zn no tecido vegetal podem alcançar valores potencialmente tóxicos para o ser humano.