ENSINANDO A GEOMETRIA ALÉM DOS LIMITES DA SALA DE AULAS: UMA ABORDAGEM MOTIVADA POR PADRÕES ESTAMPADOS EM TECIDOS DE CABO VERDE PELA VIA DA ETNOMATEMÁTICA

O presente artigo explorou os resultados obtidos através de uma pesquisa desenvolvida por França (2017), no âmbito da elaboração da sua dissertação de mestrado, apresentada e defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a qual articula a arte africana dos tecidos de Cabo Verde e o ensino da matemática, tendo como base a simetria ortogonal, com vista a obtenção de uma alternativa para o ensino-aprendizagem dessa temática para os alunos de bairros vulneráveis de maioria “afrodescendente”. A principal motivação que norteou a pesquisa, residiu no fato de se observar um baixo índice de aprendizagem no que diz respeito aos conteúdos de Geometria Plana por parte dos alunos. Nesta perspectiva, a mesma foi encaminhada de modo a responder a seguinte questão científica: que potencialidades de padrões geométricos das panarias cabo-verdianas podem contribuir com o processo de ensino-aprendizagem da simetria ortogonal em uma aula de Geometria Plana do sétimo ano do ensino fundamental? Para tanto, a pesquisa objetivou-se em transformar o espaço formal da sala de aula em um ambiente em que conhecimentos científicos de Geometria Plana sejam trabalhados com os fazeres culturais africanos, através de padrões geométricos em panarias cabo-verdianas. A pesquisa desenvolveu-se com base a abordagem qualitativa, utilizando entrevistas semiestruturadas, com um olhar a cultura africana através da Etnomatemática. Os resultados obtidos indicam que houve um diálogo entre a referida cultura e o ensino da matemática, propiciando uma motivação na aprendizagem destes conteúdos por parte dos alunos.