De inimigo a aliado: revisões Kaingang do entendimento do morto no Estado de São Paulo

Neste artigo apresentam-se diferentes perspectivas Kaingang relativas aos mortos circulantes na sua reduzida população em duas Terras Indígenas de São Paulo, estado no qual se perpetrou um genocídio dessa etnia no recente século XX. Para esse efeito recorreu-se a uma combinação de procedimentos etno...

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Veröffentlicht in:Acta scientiarum. Human and social sciences 2023-12, Vol.45 (3), p.e69653
Hauptverfasser: Tiveron-Bairrão, Juliana, Bairrão, José Francisco Miguel Henriques
Format: Artikel
Sprache:eng
Online-Zugang:Volltext
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Zusammenfassung:Neste artigo apresentam-se diferentes perspectivas Kaingang relativas aos mortos circulantes na sua reduzida população em duas Terras Indígenas de São Paulo, estado no qual se perpetrou um genocídio dessa etnia no recente século XX. Para esse efeito recorreu-se a uma combinação de procedimentos etnográficos com escuta psicanalítica, metodologia compatível com o propósito de preservar o protagonismo dos nativos na construção das suas teses e propostas, dando ouvidos não apenas às suas representações conscientes, como também às suas elaborações inconscientes. Ao literalmente escutar o Outro Kaingang no atinente ao que se enuncia mediante atitudes, atos, memórias e narrativas relativamente ao morto, visa-se proporcionar subsídios para um discernimento de estratégias de luta e de luto mediadas por uma nova concepção e transformação das relações com os mortos em curso entre os Kaingang do Oeste Paulista, através de recortes etnográficos que ilustram progressivos deslocamentos da posição de inimigo à condição de aliado. Encontrou-se um processo de redefinição das relações com o morto que pode proporcionar amparo e utilidade para o enfrentamento das vicissitudes ocasionadas pelo domínio branco. A morte de indígenas devida à colonização, tanto por massacres quanto por doenças contagiosas, parece fomentar essa transformação. Se anteriormente os mortos eram inimigos e fronteiras precisavam ser criadas e mantidas entre eles e os vivos, atualmente eles podem ajudar a elaborar e defender pessoas nativas dos malefícios ocasionados pela colonização, bem como a restaurar uma condição de ânimo aguerrido entre os sobreviventes.
ISSN:1679-7361
1807-8656
DOI:10.4025/actascihumansoc.v45i3.69653