IMPACTO DA DESINFORMAÇÃO NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA: MEDO E INSEGURANÇA NA SALA DE AULA

A sociedade contemporânea vivencia um processo de consumo de informações ancorado no imediatismo e na superficialidade, sobrepondo-se ao desenvolvimento da leitura crítica e da produção do conhecimento. Esse processo é facilitado pelos meios tecnológicos e comunicacionais atuais que, amparados pelo ciberespaço, expandem o espaço físico para o virtual, com novas formas de interação. Nesse ambiente, onde o consumo intenso e rápido de informações e produtos desponta, outro problema se apresenta, que é disseminação de conteúdos manipulados, cujo intuito é desinformar. Neste artigo, busca-se trazer luz a problemas que surgem desse processo desinformacional, que são o medo e a insegurança dos professores de Geografia em sua atuação profissional. A reflexão surgiu de uma pesquisa de doutorado, expondo como os professores vivenciam a desinformação no seu cotidiano de trabalho e quais as ferramentas que eles dispõem para confrontá-la. O tema foi problematizado por meio da teoria das representações sociais (Moscovici, 1978, 1985, 1992, 2003, 2013; Jodelet, 2001, 2005; Abric, 1994, 1998, 2001), da metodologia de análise de conteúdo (Bardin, 2010), e de entrevistas e questionários aplicados aos professores da Educação Básica. Os resultados evidenciam que o ciberespaço (e nele, as redes sociais digitais) é fonte de informações para professores e estudantes, impactando a profissionalidade docente, o processo de ensino-aprendizagem, a concepção sobre o conhecimento, a relação professor-aluno e as condições de trabalho. Dentre os impactos estão o aumento da violência, da vigilância e do controle no trabalho do professor, gerando insegurança e resultando na redução da autonomia docente.