A toponímia de comunidades quilombolas do Centro-Oeste: relações entre língua, cultura e história nas formas de nomeação
Este artigo tem como propósito discutir questões históricas, sociais e ideológicas relacionadas às nomeações de comunidades quilombolas, situadas na região Centro-Oeste, devidamente certificadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) até 2016. O estudo pauta-se na análise toponí...
Gespeichert in:
Veröffentlicht in: | Tellus (Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brazil) Mato Grosso do Sul, Brazil), 2021-08, p.313-339 |
---|---|
Hauptverfasser: | , |
Format: | Artikel |
Sprache: | eng |
Online-Zugang: | Volltext |
Tags: |
Tag hinzufügen
Keine Tags, Fügen Sie den ersten Tag hinzu!
|
Zusammenfassung: | Este artigo tem como propósito discutir questões históricas, sociais e ideológicas relacionadas às nomeações de comunidades quilombolas, situadas na região Centro-Oeste, devidamente certificadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) até 2016. O estudo pauta-se na análise toponímica das denominações das 131 comunidades quilombolas que compõem o corpus deste estudo que, por sua vez, reuniu 131 topônimos, assim distribuídos: Mato Grosso (78); Goiás (32); Mato Grosso do Sul (21). Busca-se examinar em que proporção os topônimos que nomeiam essas comunidades refletem aspectos linguísticos, históricos, culturais relacionados aos povos africanos no Brasil. Para tanto, toma-se como parâmetro o referencial teórico Dick (1990; 1992; 1998; 2008) para a análise dos topônimos; as contribuições de Castro (2001; 2003); de Petter (2004) e de Petter e Cunha2015) para a análise da questão da presença de línguas africanas no léxico do português do Brasil. Em termos linguísticos, dos topônimos analisados, 2,96 % são de base africana; 6,10% são de origem indígena e 90,94% provêm da língua portuguesa e/ou de outras línguas europeias. Dentre as línguas africanas representadas no recorte de topônimos estudados, destacam-se as línguas kwa (Exu), kikongo Kimbundu (Monjolo; Kalunga). No que se refere à natureza dos nomes, predominam topônimos de natureza antropocultural com destaque para os sociotopônimos (Família Bispo; Família Jarcem) e os hagiotopônimos (Santo Antônio; São João Batista). Os de natureza física predominam os geomorfotopônimos seguido dos fitotopônimos. A predominância de nomes de santos do hagiológico romano que têm seus correspondentes nos cultos africanos apontam para a história do afro-brasileiro e seu ideário. Em síntese, o estudo demonstra a importância dos topônimos como marcadores ideológicos, pois por meio da toponímia pode-se recuperar aspectos culturais, no caso, indícios do modus vivendi do povo africano em território brasileiro e a questão da valorização das línguas africanas no léxico e por extensão, na toponímia. |
---|---|
ISSN: | 1519-9452 2359-1943 |
DOI: | 10.20435/tellus.vi44.752 |