A MÃE-D’ÁGUA, DE GONÇALVES DIAS: IMAGEM POÉTICA DE UMA FIGURA MULTIFACETADA

O poeta Antônio Gonçalves Dias recebeu certo prestígio e reconhecimento no meio literário de sua época e das posteriores, até os dias atuais. Esse fato se deve tanto ao valor poético de suas composições, como a algumas das temáticas que escolheu abordar, que continham elementos já pertencentes à cultura brasileira da época. Um desses poemas é A Mãe-D’água, que foi publicado na categoria de Poesias Americanas na obra Últimos Cantos (1851) e faz referência a um mito cujas muitas variantes em diferentes culturas ao longo do tempo fizeram da Mãe-D’água uma figura multifacetada (Cascudo, 2012). Nessa perspectiva, levando em consideração as diversas formas como esse ser já foi representado e as características específicas das imagens construídas por meio do texto poético (Paz, 1982), este artigo analisa a imagem poética da Mãe-D’água construída por Gonçalves Dias em seu poema, que apesar de usar o mito como matéria-prima, possui uma realidade específica (Bachelard, 1993). Assim, considerando o aporte teórico utilizado, que inclui os teóricos já citados, mais autores como Bergson (2010), Ricoeur (2007) e Moisés (2000), além de Blanchot (2005), Silva (2011) e Galeno (2010), entende-se que a imagem da Mãe-D’água no espaço do poema consegue abrigar em si diversas outras, uma vez que seu caráter poético oferece certa liberdade para unir em uma única imagem, realidades diferentes e até conflitantes (Paz, 1982). PALAVRAS-CHAVE: A Mãe-D’água; Gonçalves Dias; Imagem poética.