Decisão de (Re)Existir!: Histórias e Modos de Organizar de uma Comunidade Quilombola Mineira

Resumo Esta pesquisa objetiva compreender como a construção da identidade étnico-racial assegura a existência de uma Comunidade Remanescente Quilombola (CRQ). A psicossociologia foi tomada como referencial teórico e utilizou-se a abordagem metodológica história de vida coletiva em uma CRQ da região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Com base nos resultados, compreende-se o quilombo como uma organização construída a partir de uma identidade étnico-racial que mobiliza os marcadores de resistência, pertencimento e ancestralidade, essenciais à existência dos sujeitos e do quilombo. As identidades são construídas por meio do reconhecimento da ancestralidade, em que os sujeitos se filiam à história, reconhecendo esses antepassados como composição do que se é. Essas identidades permitem que os sujeitos quilombolas sintam-se pertencentes a este grupo, que permanecerá (re)existindo devido a essa resistência ancestral que é reapropriada. A resistência é indissociável da identidade, porque para o próprio ato do sujeito quilombola decidir ser, é necessário resistir, uma vez que o outro quer que o quilombo deixe de ser. Esses marcadores evidenciam que a resistência da Comunidade Quilombola dos Arturos (CRQ que acolheu este estudo) opera para além do compromisso com a vida e mobilização dos seus sujeitos, mas também na decisão de criar formas de organização e reinvenções no enfrentamento ao status quo. Abstract This study aims to delve into the mechanisms by which the establishment of ethnic-racial identity safeguards the continuity of a Quilombola Remnant Community (CRQ). Employing psychosociology as its theoretical underpinning and adopting a collective life history methodological approach, this research was conducted within a CRQ situated in the metropolitan region of Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. Findings underscore the quilombo’s foundational structure, rooted in an ethnic-racial identity that galvanizes the elements of resistance, belonging, and lineage, all of which are pivotal for both the individuals and the quilombo’s continued existence. Identity formation emanates from the acknowledgment of ancestry, as individuals align themselves with their historical lineage, recognizing these forebears as integral to their own composition. Such identities foster a sense of belonging within quilombola subjects, thereby perpetuating the group’s (re)existence through a reappropriation of ancestral resistance. Resistance is intrinsic to identity because, prior to