EL ENSAYO, ENTRE AUTOBIOGRAFÍA INTELECTUAL, BIOGRAFIA NACIONAL Y CIENCIA SOCIAL: GILBERTO FREYRE, EZEQUIEL MARTÍNEZ ESTRADA Y SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA

O artigo se concentra em três ensaios sobre o “ser nacional” que surgem no Cone Sul, na década de 1930, na Argentina e no Brasil: Casa-grande & senzala, Radiografía de la pampa e Raízes do Brasil. Os que escrevem Gilberto Freyre e Ezequiel Martínez Estrada, em 1933, têm o tom essencialista que se expande em enunciados apodíticos, mais mesurados e intimistas no caso do brasileiro, mais incisivos e desanimados na escrita do argentino. A comparação entre estes dois textos maiores das respectivas literaturas revela uma série de coincidências e de contrastes cuja adesão a princípios deterministas, apesar de recorrer a múltiplas citações tomadas à antropologia e à sociologia, renuncia a articular um discurso argumentativamente convincente. Enquanto Freyre avança por meio de intuições emocionais, Martínez Estrada desdobra o texto com uma capacidade retórica superlativa que somente consegue convencer pela precisão estilística, suspendendo o raciocínio coerente e justificado. Frente a tais modelos excessivos, Sérgio Buarque de Holanda introduz em 1936 uma possibilidade de síntese, apelando a indagações históricas e filosóficas, traçando um paralelo entre as conquistas espanhola e portuguesa nas Américas e aplicando conceitos inovadores com vontade de desenvolver as ciências sociais no continente. Às expansões nostálgicas de Freyre e as amarguras céticas de Martínez Estrada, Buarque de Holanda responde com certa fé otimista no “homem cordial” como arquétipo brasileiro, incorrendo na recaída essencialista, porém matizando-a, o que abre o caminho para desenvolvimento da sociologia no ensaio latino-americano.Palavras-chave: Ensaio essencialista; Gilberto Freyre; Martínez Estrada; Sérgio Buarque.