A farsa do vilão arrependido: François Villon e o teatro burlesco medieval na França

Resumo A imagem contemporânea de François Villon remonta ao final do século XIX, quando o poeta medieval foi considerado pela historiografia literária o criador do lirismo moderno na França. No entanto, há diversas evidências de que os testamentos de Villon pertencessem ao gênero do teatro burlesco...

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Veröffentlicht in:Alea : estudos neolatinos 2017-12, Vol.19 (3), p.588-603
1. Verfasser: Costa, Daniel Padilha Pacheco da
Format: Artikel
Sprache:por
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description Resumo A imagem contemporânea de François Villon remonta ao final do século XIX, quando o poeta medieval foi considerado pela historiografia literária o criador do lirismo moderno na França. No entanto, há diversas evidências de que os testamentos de Villon pertencessem ao gênero do teatro burlesco medieval chamado de “monólogo dramático”. Essas evidências são de três tipos: as evidências materiais, como a história da transmissão de seus manuscritos e edições juntamente com outros dramas burlescos; as evidências textuais, como os recursos dramáticos utilizados pelo monólogo; e as evidências históricas, como a sua imitação por diversas composições burlescas da época, bem como a unanimidade dos testemunhos e anedotas se referindo a Villon como um “farseur”. Mas como um testamento poderia ser encenado por um ator, se é um gênero escrito por definição? Defende-se que, ao vestir a máscara da personagem do testador morto, o ator transmite as palavras enunciadas do além pelo espectro do vilão arrependido. Dessa perspectiva, a farsa do vilão arrependido (encenada nesse monólogo dramático) parodia as formas poéticas do testamento amoroso da época por um lado, e a estrutura narrativa das Sagradas Escrituras por outro.
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No entanto, há diversas evidências de que os testamentos de Villon pertencessem ao gênero do teatro burlesco medieval chamado de “monólogo dramático”. Essas evidências são de três tipos: as evidências materiais, como a história da transmissão de seus manuscritos e edições juntamente com outros dramas burlescos; as evidências textuais, como os recursos dramáticos utilizados pelo monólogo; e as evidências históricas, como a sua imitação por diversas composições burlescas da época, bem como a unanimidade dos testemunhos e anedotas se referindo a Villon como um “farseur”. Mas como um testamento poderia ser encenado por um ator, se é um gênero escrito por definição? Defende-se que, ao vestir a máscara da personagem do testador morto, o ator transmite as palavras enunciadas do além pelo espectro do vilão arrependido. 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