A História de Carolina. Um estudo de caso sobre a difusão de um mito no Sudoeste Amazônico
Um povo pode desaparecer, mas não uma história. Isso foi o que ocorreu com um mito kuniba, narrado a Nimuendaju por Carolina, em uma situação de remoção forçada promovida pelo Estado brasileiro no começo do século XX. O mito em questão falava da origem da lua, ocasionada pelo incesto de um irmão com...
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Veröffentlicht in: | Revista de antropologia (São Paulo) 2022-04, Vol.65 (1), p.1-24 |
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Format: | Artikel |
Sprache: | por |
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creator | Gow, Peter |
description | Um povo pode desaparecer, mas não uma história. Isso foi o que ocorreu com um mito kuniba, narrado a Nimuendaju por Carolina, em uma situação de remoção forçada promovida pelo Estado brasileiro no começo do século XX. O mito em questão falava da origem da lua, ocasionada pelo incesto de um irmão com uma irmã. Até o começo do século XX, povos vizinhos dos Kuniba, como os Cashinahua e os Kanamari, tinham narrativas muito distintas sobre a origem da lua. No entanto, ao longo do século, com a partida dos Kuniba, o tema do incesto entre irmão e irmã passa a estar presente nas narrativas, difundindo-se pela região das bacias dos rios Juruá e Purus. Isso conduz a uma reflexão sobre o problema da “causalidade informacional”, sobre a “política externa” estabelecida entre diferentes povos e sobre a “dialética espacial” promovida pelos mitos.
Peoples can disappear, but not stories. This is what happened with a kuniba myth, narrated to Nimuendaju by Carolina, in a situation of forced removal promoted by the Brazilian State at the beginning of the 20th century. Such myth was about the origin of the moon, caused by the incest of a brother with a sister. Until the beginning of the 20th century, neighboring peoples of the Kuniba, such as the Cashinahua and the Kanamari, had very different narratives about the origin of the moon. However, throughout the 20th century, with the departure of the Kuniba, the theme of incest between brother and sister becomes part of the narratives, spreading throughout the region of the Juruá and Purus river basins. This leads to a reflection on the problem of “informational causality”, on the “foreign policy” that differentiates peoples, and on the “spatial dialectic” promoted by myths. |
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Peoples can disappear, but not stories. This is what happened with a kuniba myth, narrated to Nimuendaju by Carolina, in a situation of forced removal promoted by the Brazilian State at the beginning of the 20th century. Such myth was about the origin of the moon, caused by the incest of a brother with a sister. Until the beginning of the 20th century, neighboring peoples of the Kuniba, such as the Cashinahua and the Kanamari, had very different narratives about the origin of the moon. However, throughout the 20th century, with the departure of the Kuniba, the theme of incest between brother and sister becomes part of the narratives, spreading throughout the region of the Juruá and Purus river basins. This leads to a reflection on the problem of “informational causality”, on the “foreign policy” that differentiates peoples, and on the “spatial dialectic” promoted by myths.</description><subject>ARTIGO</subject><issn>0034-7701</issn><issn>1678-9857</issn><fulltext>true</fulltext><rsrctype>article</rsrctype><creationdate>2022</creationdate><recordtype>article</recordtype><sourceid/><recordid>eNqFi00KgkAYhocoyH6OEHwXMMZGHV2KFO2rZcikI4w4Tsyni7pOR6gbeLEs2rd64Xmed0QcL-SRG0cBHxOHUua7nFNvSmaIFaUbzmLmkHMCe4Vt_7RKQCEhFdbUqhFrOGmQ2HaF-eBcoAE0FythyFTZYf_4ik6DVq2BxsBhaIeHhESLe_9qVG4WZFKKGuXyt3Oy2m2P6d6tsDU2u1qlhb1lfhSGPmUB--ffAhdBSw</recordid><startdate>20220401</startdate><startdate>20220101</startdate><enddate>20220401</enddate><enddate>20220101</enddate><creator>Gow, Peter</creator><general>Revista de Antropologia</general><scope/></search><sort><creationdate>20220401</creationdate><title>A História de Carolina. Um estudo de caso sobre a difusão de um mito no Sudoeste Amazônico</title><author>Gow, Peter</author></sort><facets><frbrtype>5</frbrtype><frbrgroupid>cdi_FETCH-jstor_primary_486640353</frbrgroupid><rsrctype>articles</rsrctype><prefilter>articles</prefilter><language>por</language><creationdate>2022</creationdate><topic>ARTIGO</topic><toplevel>peer_reviewed</toplevel><toplevel>online_resources</toplevel><creatorcontrib>Gow, Peter</creatorcontrib><jtitle>Revista de antropologia (São Paulo)</jtitle></facets><delivery><delcategory>Remote Search Resource</delcategory><fulltext>fulltext_linktorsrc</fulltext></delivery><addata><au>Gow, Peter</au><format>journal</format><genre>article</genre><ristype>JOUR</ristype><atitle>A História de Carolina. Um estudo de caso sobre a difusão de um mito no Sudoeste Amazônico</atitle><jtitle>Revista de antropologia (São Paulo)</jtitle><date>2022-04-01</date><date>2022-01-01</date><risdate>2022</risdate><risdate>2022</risdate><volume>65</volume><issue>1</issue><spage>1</spage><epage>24</epage><pages>1-24</pages><issn>0034-7701</issn><eissn>1678-9857</eissn><abstract>Um povo pode desaparecer, mas não uma história. Isso foi o que ocorreu com um mito kuniba, narrado a Nimuendaju por Carolina, em uma situação de remoção forçada promovida pelo Estado brasileiro no começo do século XX. O mito em questão falava da origem da lua, ocasionada pelo incesto de um irmão com uma irmã. Até o começo do século XX, povos vizinhos dos Kuniba, como os Cashinahua e os Kanamari, tinham narrativas muito distintas sobre a origem da lua. No entanto, ao longo do século, com a partida dos Kuniba, o tema do incesto entre irmão e irmã passa a estar presente nas narrativas, difundindo-se pela região das bacias dos rios Juruá e Purus. Isso conduz a uma reflexão sobre o problema da “causalidade informacional”, sobre a “política externa” estabelecida entre diferentes povos e sobre a “dialética espacial” promovida pelos mitos.
Peoples can disappear, but not stories. This is what happened with a kuniba myth, narrated to Nimuendaju by Carolina, in a situation of forced removal promoted by the Brazilian State at the beginning of the 20th century. Such myth was about the origin of the moon, caused by the incest of a brother with a sister. Until the beginning of the 20th century, neighboring peoples of the Kuniba, such as the Cashinahua and the Kanamari, had very different narratives about the origin of the moon. However, throughout the 20th century, with the departure of the Kuniba, the theme of incest between brother and sister becomes part of the narratives, spreading throughout the region of the Juruá and Purus river basins. This leads to a reflection on the problem of “informational causality”, on the “foreign policy” that differentiates peoples, and on the “spatial dialectic” promoted by myths.</abstract><pub>Revista de Antropologia</pub></addata></record> |
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