Acidentes causados pela arraia fluvial Potamotrygon motoro em comunidades lacustres em Território do bioma Oriental da Amazônia

Os ferimentos causados por arraias de água doce são comuns entre os pescadores. A raia Potamotrygon motoro apresenta um ferrão com uma ponta afiada e pontas serrilhadas espalhadas bilateralmente, os ferrões possuem toxinas que promovem a vasoconstrição, causando dor imediata e isquemia. Esses acidentes são extensos e podem manter as vítimas impossibilitadas de trabalhar por semanas a meses. Considerando o impacto das injúrias na subsistência de comunidades ribeirinhas de pescadores, este estudo teve como objetivo analisar relatos de envenenamento pela arraia Potamotrygon motoro em dois municípios localizados no bioma Amazônia Oriental (sítio Ramsar da Baixada Maranhense) no município de Penalva e Viana. A metodologia consistiu em análises descritivas e transversais, a partir da aplicação de 40 questionários semiestruturados em pescadores artesanais a fim de obter dados clínicos e epidemiológicos relacionados aos acidentes causados por P. motoro em pescadores artesanais. Quarenta pescadores feridos por arraias de água doce foram entrevistados. Dor e edema foram os sintomas comuns a todos os pescadores, seguidos de necrose cutânea (70%). As vítimas costumam adotar auto tratamentos inusitados, baseados em conhecimentos tradicionais e culturais, como o uso de urina, ervas, fumaça de saco de estopa e fezes humanas. O número de lesões em cada pescador variou de 2 a 4 vezes (50%) a até 10 vezes (12,5%). Os resultados mostram que as lesões por P. motoro são frequentes em Penalva e Viana, reforçando a necessidade dos órgãos públicos de saúde estabelecerem ações educativas preventivas e proporcionarem melhor qualificação dos profissionais de saúde para realizar o tratamento adequado das lesões. Palavras-chave: Animais venenosos. Raias. Saúde ocupacional. Saúde ambiental.