A relação campo-cidade em Primavera do Leste (MT): paisagens do agronegócio urbano

A expansão da fronteira agrícola que, a partir da década de 1970 avançou velozmente sobre grandes áreas do Cerrado, como fruto da industrialização da agricultura e de ações engendradas pelo Estado brasileiro a serviço do Capital, produziu um duplo fenômeno de povoamento e urbanização desta região, do qual surgiram várias cidades, bem como de crescimento do setor agropecuário caracterizado pela produção de commodities em larga escala, nos moldes do agronegócio. Neste artigo, buscamos compreender e explicar como esse modelo de produção capitalista do espaço, tanto agrário quanto urbano, torna-se perceptível na paisagem urbana de cidades como Primavera do Leste (MT), na qual pode-se notar a síntese de dois fenômenos característicos do atual momento do modo de produção capitalista representado pelo agronegócio: a) a relação campo-cidade, representada pela unidade dialética formada por meio das estruturas físicas, modo de vida e de produção características do campo que se fazem presentes na cidade, e vice-versa; b) a concentração de riquezas e a desigualdade social que se espacializa na área urbana de Primavera do Leste por meio das diferentes condições de moradias e de vida de sua população. Por meio de pesquisa de campo e da revisão de bibliografias como Lefebrve (1991), Oliveira (2009) e Fioravanti (2018) dentre outras, concluímos que a análise da paisagem urbana de Primavera do Leste possibilita, portanto, compreender os desdobramentos desse processo histórico de apropriação do espaço agrário e urbano pelo Capital, por meio do agronegócio, gerando uma intensa relação campo-cidade e também desigualdades sociais.