Por que os mortos falam? Uma leitura de Eros e Thanatos no romance de Filipa Melo

A partir das noções de literatura e experiência de morte, conceitos extraídos de Phillipe Ariés e Maurice Blanchot, analiso a história que é tecida no romance Este é o meu corpo, de Filipa Melo, que aborda a relação de Thanatos e Eros, mitos gregos definidos por Sigmund Freud como pulsão de morte e...

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Veröffentlicht in:Légua & meia 2019-08, Vol.10 (1), p.242-259
Hauptverfasser: Borges Gomes Fernandes, Állex Leilla Alessandra Leila, Oliveira, Bruna Souza Rocha
Format: Artikel
Sprache:eng
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Oliveira, Bruna Souza Rocha
description A partir das noções de literatura e experiência de morte, conceitos extraídos de Phillipe Ariés e Maurice Blanchot, analiso a história que é tecida no romance Este é o meu corpo, de Filipa Melo, que aborda a relação de Thanatos e Eros, mitos gregos definidos por Sigmund Freud como pulsão de morte e pulsão de vida. Movimentando-se entre pequenas narrativas, que funcionam como um mosaico de memórias, costumes, amor-paixão, violência contra a mulher, entre outras agudezas da condição humana, a autora portuguesa desenvolve no romance — cujo título remete à homília católica da eucaristia — um personagem-chave para elucidar o crime. Trata-se não de um detetive oficial, mas de um narrador médico-legista, que, no processo de autopsia, vai desvendando as circunstâncias da morte da personagem Eduarda, a fim de devolver a identidade da vítima: uma mulher jovem, encontrada morta e desfigurada numa praia. Contraditoriamente, ao tentar revelar como se deu esse assassinato, o labor da autópsia permite que o corpo sem vida fale. Nesse sentido, compreendo que o médico-legista é a metáfora da própria literatura, no seu trabalho incessante, a nos conduzir à dimensão em que Eros e Thanatos se enfrentam e se mesclam, enquanto o corpo irreconhecível da moça é a realidade, matéria disforme e permeada de signos, a nos pedir leitura, tradução, forma, representação.
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Trata-se não de um detetive oficial, mas de um narrador médico-legista, que, no processo de autopsia, vai desvendando as circunstâncias da morte da personagem Eduarda, a fim de devolver a identidade da vítima: uma mulher jovem, encontrada morta e desfigurada numa praia. Contraditoriamente, ao tentar revelar como se deu esse assassinato, o labor da autópsia permite que o corpo sem vida fale. Nesse sentido, compreendo que o médico-legista é a metáfora da própria literatura, no seu trabalho incessante, a nos conduzir à dimensão em que Eros e Thanatos se enfrentam e se mesclam, enquanto o corpo irreconhecível da moça é a realidade, matéria disforme e permeada de signos, a nos pedir leitura, tradução, forma, representação.</description><identifier>ISSN: 2177-0344</identifier><identifier>EISSN: 1676-5095</identifier><identifier>DOI: 10.13102/lm.v10i1.3649</identifier><language>eng</language><ispartof>Légua &amp; meia, 2019-08, Vol.10 (1), p.242-259</ispartof><woscitedreferencessubscribed>false</woscitedreferencessubscribed><orcidid>0000-0002-1329-0153</orcidid></display><links><openurl>$$Topenurl_article</openurl><openurlfulltext>$$Topenurlfull_article</openurlfulltext><thumbnail>$$Tsyndetics_thumb_exl</thumbnail><link.rule.ids>314,780,784,27924,27925</link.rule.ids></links><search><creatorcontrib>Borges Gomes Fernandes, Állex Leilla Alessandra Leila</creatorcontrib><creatorcontrib>Oliveira, Bruna Souza Rocha</creatorcontrib><title>Por que os mortos falam? 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Trata-se não de um detetive oficial, mas de um narrador médico-legista, que, no processo de autopsia, vai desvendando as circunstâncias da morte da personagem Eduarda, a fim de devolver a identidade da vítima: uma mulher jovem, encontrada morta e desfigurada numa praia. Contraditoriamente, ao tentar revelar como se deu esse assassinato, o labor da autópsia permite que o corpo sem vida fale. 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